Figura conhecida do desporto automóvel nacional, Abel Fernandes dedicou 40 anos da sua vida à mecânica em algumas das maiores equipas nacionais. Apesar de ser um dos responsáveis da Sports & You há vários anos, a Abel Fernandes faltava cumprir um objetivo: competir como piloto. Na BP Ultimate 4 Horas SSV Vila de Fronteira, assumiu o volante e confessou que não gosta de perder nem a feijões…
Começou na Diabolique e hoje é um dos sócios-fundadores da Sports & You. Pelo meio, ficam quatro décadas de História e de paixão pelos automóveis, um percurso que torna Abel Fernandes uma das figuras mais respeitadas do automobilismo nacional. Na BP Ultimate 4 Horas SSV Vila de Fronteira, foi piloto pela primeira vez numa prova deste género, partilhando um Can-Am com outros dois nomes que competem na Sports & You há vários anos e que já ganharam duas vezes as 24 Horas TT: António Coimbra e Luís Silva. Apesar de um capotanço na fase inicial, a equipa cumpriu o objetivo e terminou no 24.º lugar.
Antes de iniciar a corrida, ainda na grelha de partida, Abel Fernandes explicou como surgiu a oportunidade: “Todos os mecânicos que entram na competição sonham, um dia, serem pilotos. As capacidades financeiras é que nem sempre o permitem. Foi o meu caso. Claro que se tivesse tido dinheiro na altura teria feito corridas. Sempre adorei conduzir e esta é uma das grandes paixões que tenho. Ser mecânico foi uma forma de me envolver na competição e, de vez em quando, conseguir dar uma voltinha nos carros. Nos testes, por exemplo, ou nas ligações. Não me arrependo nada, porque sou mecânico de profissão e é algo que adoro fazer. E tive a sorte de ter estado envolvido na competição ao mais alto nível. Primeiro na Diabolique, depois com a Peres e, mais tarde, na Opção 04, com a qual fizemos a fusão com a Sports & You, dos quais sou um dos sócios-fundadores. A convite dos meus queridos amigos António Coimbra e Luis Silva, que já correm connosco há muitos anos, vim aqui fazer esta ‘brincadeira’ nas 4H SSV. Aceitei logo o desafio”, contou.
Já depois da corrida, o entusiasmo tinha sido reforçado pela adrenalina de percorrer os 16,4 quilómetros do Terródromo num pelotão com mais de 30 SSVs. “Acho que correu bem. Antes da corrida dei uma voltinha. Estava com medo que não fosse competitivo, mas acho que cumpri os ‘mínimos olímpicos’. O problema é que sempre fui muito competitivo. Não gosto de perder nem a feijões. Por isso estava tão receoso que não fizesse tempos minimamente aceitáveis. Ao longo destes 40 anos já tinham surgido outras oportunidades para ser piloto, mas, como disse, sou extremamente competitivo e tinha receio de não atingir os objetivos. Agora que a idade é outra, e se isto correr bem, vou convencer os meus sócios a ‘patrocinarem’ umas corridinhas. Ficou aqui o bichinho e acho que não vou ficar por aqui.”, admitiu.
“Deviam ser as 8H SSV e não as 4H”
Sempre com boa disposição, Abel Fernandes falou sobre o primeiro ‘impacto’ com a dureza da prova alentejana. “Da próxima vez, espero que tenha menos água. É que para primeira experiência foi um bocadinho agreste. Correu muito bem, mas foi duro por causa da água. Na parte final, tivemos um toquezinho que partiu um parafuso, o que me
obrigou a vir mais devagar e fez-nos perder tempo. Mas acabei, que era um dos objetivos. Agora nas últimas voltas é que comecei a conseguir situar-me, a saber em que zona da pista estava. Agora é que estava pronto para começar a prova! Deviam ser as 8H de SSV e não as 4H!.”