Organizar uma prova de resistência de nível internacional exige um profundo conhecimento do terreno, um know-how de vários anos na gestão deste tipo de eventos e uma organização logística irrepreensível. Conheça os meios humanos e técnicos que, todos os anos, permitem realizar a BP Ultimate 24 Horas TT Vila de Fronteira.
O melhor elogio que se pode fazer aos mais de 250 homens e mulheres que trabalham nos bastidores para que toda a estrutura esteja a postos é que quase ninguém dá por eles. Quase dois meses antes da prova, já as equipas da logística do ACP Motorsport estão a preparar tudo para a grande festa da BP Ultimate 24 Horas TT Vila de Fronteira. Convém não esquecer que este é o mesmo staff responsável por quatro das maiores provas organizadas em solo nacional: o Vodafone Rally de Portugal, a Baja Portalegre 500, a Montegordo Sand Experience e a BP Ultimate 24 Horas TT Vila de Fronteira. No início de outubro, um camião com mais de 16 toneladas de material sai de Lisboa e percorre a região Sul do país (mais de 3.500 km no total) com a casa às costas. A montagem das tendas de apoio é subcontratada, cabendo à logística a montagem do ‘recheio’ (mesas, cadeiras, todo o material informático, etc.).
Ainda assim, as equipas do ACP no terreno começam a trabalhar no local uma semana antes da prova e só regressam a casa três dias após a mesma.
A equipa-base que trabalha todo o ano é composta por cinco pessoas, reforçadas nas provas por mais quatro pessoas para ajudar com as estruturas das boxes, e mais quatro pessoas responsáveis pelo Parque de Assistência, que controlam as equipas (a posição que ocupam no parque) e fazem a ponte entre estas e a organização.
Comissários e “deltas”
No caso das 24 Horas de Fronteira, há 45 postos de comissários com dois elementos cada. Estes são reforçados por mais 40 “deltas”, equipas responsáveis por tirar os carros da pista em caso de avaria ou acidente. Se não conseguirem ‘à mão’, têm de utilizar o reboque. Se mesmo assim não for possível, recorrem a um trator ou a uma retroescavadora.
Todo o material dos postos avançados também é da responsabilidade da equipa de logística. E se há zonas em que os comissários “acampam” ao relento, aquecidos por uma fogueira e com o farnel, há outras áreas onde é impossível fazer ‘lume’ e, neste caso, a organização monta uma tenda para tornar a estadia mais aprazível. Como cada equipa conta com um automóvel, mais os 40 atribuídos aos “deltas”, outros tantos à restante organização e sete a cargo da logística, são quase 150 viaturas envolvidas numa prova como Fronteira. O facto de a corrida ser disputada num circuito fechado (com quase 17 km) é uma vantagem, pois exige menos deslocações e menos quilómetros de fita delimitadora. Ainda assim, são usados praticamente 40 km de fita vermelha e branca, retirada por completo no fim da prova.
Todos os pormenores contam
Numa ‘orquestra’ bem afinada como a do ACP, todos os pormenores são levados em conta. Há, por exemplo, diferenças no desgaste do material quando este está alojado numa tenda (no caso das 24 Horas de Fronteira) ou num pavilhão (no caso da Baja Portalegre 500). Na tenda, o risco de condensação é maior e as diferenças de temperatura também são mais acentuadas, pelo que as equipas de logística têm o cuidado de só retirarem alguns equipamentos, e trazerem de Lisboa outros tantos, mesmo em cima da prova, para evitar que estes se degradem mais rapidamente.
Até as equipas da segurança privada contratada contam com o apoio da logística, já que, para minimizar o desconforto do mau tempo e do frio (uma constante em Fronteira nesta altura do ano), o ACP Motorsport tem o cuidado de proporcionar algum tipo de abrigo aos homens e mulheres que zelam pela segurança de todos e pelas naturais restrições de acesso a zonas de trabalho.
No final da grande festa do TT, e quando já todos partiram, cabe à equipa de logística garantir que a única coisa que resta das 24 Horas de Fronteira são os terrenos imaculados, a belíssima paisagem alentejana e as inúmeras memórias que uma prova como esta proporciona.