Sílvia Reis, Cristela Marto, Paula Marto e Carla Gameiro já se tornaram presença assídua na BP Ultimate 24 Horas TT Vila de Fronteira. Nos 25 anos da prova do ACP, o Suzuki Jimny do quarteto feminino voltou a ver a bandeira de xadrez, cumprindo assim o principal objetivo da equipa.
O Suzuki Jimny n.º 76 cruzou a meta num honroso 58.º lugar da geral, mas o resultado pouco importa, ou quase... A equipa composta exclusivamente por senhoras tem como principal objetivo a participação na mais emblemática maratona do TT em Portugal.
Mas, afinal, como é que começou a aventura de Sílvia Reis, Cristela Marto, Paula Marto e Carla Gameiro? “Isto começou com os meus irmãos Márcio e Rogério Reis. Eles vieram participar e nós viemos acompanhar, mas gostámos tanto que ficámos logo com a ideia de voltarmos com um carro, para também participarmos na corrida. Como imaginam, é muito mais divertido participar do que ficar apenas a ver”, explicou Silvia Reis “Sou eu, a minha cunhada, a irmã da minha cunhada e uma amiga que é casada com o piloto João Silva, da equipa do Amândio Alves, onde estão os meus irmãos.”
Desde 2015 que as quatro se mantêm fieis ao Suzuki Jimny, um automóvel que lhes apareceu de repente. “Os meus irmãos viram o carro à venda e perguntaram se queríamos correr com ele e nós dissemos que sim. Esta é a nona edição que participamos ao volante do Jimny”.
Sílvia Reis confessa esta não é a solução ideal. “Sofremos bastante em termos de conforto, porque o carro tem uma distância entre eixos muito curta e é mais sensível aos saltos, buracos e desníveis... Mas gostamos muito do carro, é fiável e tem um barulho muito característico. Há pessoas que já o reconhecem à distância só de o ouvir”.
E como é fazer as 24H TT de Fronteira? “Passamos por uma avalanche de emoções ao longo da prova. Estamos ansiosas antes da partida, depois queremos é estar no carro e conduzir e, por fim cruzarmos a linha de meta e levarmos uma taça para casa. Normalmente levamos porque não há mais concorrentes entre as senhoras. Este ano tivemos vários problemas. Tivemos de substituir duas vezes o para-brisas e os amortecedores estavam completamente nas ‘lonas’, mas voltámos a terminar. Além disso, uma das nossas colegas de equipa estava meio adoentada e não pode ajudar tanto como gostaria”.
Uma prova com este grau de dureza e exigência deve ter vários episódios marcantes… “Episódios há muitos, mas a maioria só são engraçados depois. É o caso dos acidentes, como o capotanço nos treinos cronometrados desta edição. Depois de um momento de grande tensão e de susto, a superação acaba por ser sempre uma história gira para contar... nem que seja um dia aos netos. E sim, já capotámos várias vezes”.
E correr num “mundo” de homens, torna tudo mais complicado? “Não sentimos qualquer tipo de discriminação, antes pelo contrário, até somos muito acarinhadas. Mas eu trabalho no ramo da construção civil e estou mais do que habituada a lidar com um meio maioritariamente masculino. Além disso tenho 2 irmãos, mais primos do que primas... Nós somos mais cautelosas, somos todas mães, mas acho que as mulheres veem as coisas de uma maneira diferente. Por isso é que temos o Jimny, fazemos as coisas de forma mais tranquila e sem grande pressão, mas divertimo-nos na mesma”.
As capacidades multi-tasking normalmente atribuídas às mulheres também se aplicam numa prova deste género: “O melhor exemplo disso é que somos nós que cozinhamos para as duas equipas (e muito bem, gritava alguém de dentro da box). E, pelo meio, ainda tomamos conta dos miúdos que vieram connosco!”