A Andrade Competition é uma das equipas mais emblemáticas da BP Ultimate 24 Horas TT Vila de Fronteira. São 13 vitórias no palmarés, mas uma grande novidade para a edição deste ano: um novo protótipo Clio com motor V6.
Agora dedicado em exclusivo às funções de Team Manager, Mário Andrade continua a ser um apaixonado por Fronteira e pelas 24 Horas TT, onde é uma das figuras mais acarinhadas pelo público. A formação luso-francesa apresenta este ano um novo Proto A.C. Clio V6, que será pilotado por quarteto habitual: Alexandre Andrade (filho de Mário), Cédric Duplé, Yann Morize e Florent Charvot.
“Em todas as edições fazemos evoluções no carro e este ano não é diferente. O que é diferente, isso sim, é a afinação deste carro. O Alexandre e o Cédric queriam fazer uma baja em Marrocos”, revelou Mário Andrade. “Não deixando nunca de fazer Fronteira, mas alargar horizontes e avançar para um novo projeto. Este carro não está preparado especificamente para este terreno, como seria habitual, mas mais para uma baja. Ainda temos de afinar as relações de caixa e vários outros detalhes técnicos. Este chassis é o terceiro desenvolvido pela Moncet e é muito evoluído. É fabuloso! Este carro é muito mais prático do que os anteriores, tanto ao nível dos cardans como até no espaço no habitáculo, que já permite, por exemplo, levar um co-piloto. Também é muito mais confortável, embora não tenhamos sentido isso nos treinos... Precisamos mesmo de afinar algumas soluções específicas para uma prova destas, para deixar o carro como queremos”.
Em 2011, a Andrade Competition também chegou às 24 Horas com um carro totalmente novo (A.C. Proto), que nunca tinha percorrido um quilómetro, e ficou em segundo. “Vamos ver como corre. Sem ser pretensioso, e acreditando que podemos ter uma pontinha de sorte do nosso lado, gostava de ir, pelo menos, até à base do pódio”, afirma Mário Andrade com evidente confiança num bom resultado.
A tática da vitória
E qual é o segredo para vencer numa prova como as 24 Horas TT? “Não há segredo, é tudo uma questão de estratégia. Eu costumo dizer que não tenho pilotos, tenho condutores. Esta é uma equipa caseira e eu não gosto de mexer nos elementos, a não ser que haja um que destoe. Eles comem onde eu como, dormem onde eu durmo. Funcionamos em uníssono. Se quiserem, esse é o segredo para vencer uma prova em que a fiabilidade e a harmonia entre pilotos e e a equipa é imprescindível. O Alexandre já faz 20 anos de competição em 2023 e o Cédric também é muito experiente, mas a competição interna entre pilotos é proibida. Cada um faz o melhor que sabe e consegue, dentro das suas capacidades.”
E em relação ao carro novo, há segredos ou está tudo à vista? “Não tenho qualquer tipo de problema em revelar o que for preciso. Era o que faltava, isto não é a F1!”. O motor é o mesmo Nissan 3.5 atmosférico. “Não gosto de turbos neste tipo de competição, é meio caminho andado para dar problemas”.
Este V6 foi ligeiramente melhorado, mas Mário Andrade garante que “não foi nada de especial. É quase igual ao de série”. O que importa nestes automóveis são a “fiabilidade, as suspensões e o chassis. As transmissões e caixa, por exemplo, são Sadev. Tenho plena confiança neles e há muito que trabalhámos juntos. Como diz o Benoît Vincendeau, o patrão da Sadev, nós somos os melhores embaixadores deles em termos de imagem, porque raramente temos problemas e conseguimos bons resultados, mas os piores clientes porque eles faturam pouco connosco”.
E a silhueta do Renault Clio, há alguma explicação para isso? “Em 1999 tive a ideia de fazer o primeiro Clio. Em 2002 fizemos o segundo Clio, um carro que o Carlos Sousa ainda pilotou. Em 2011, no último ano em que utilizámos o Clio antes de termos o protótipo novo, ainda ganhámos... Mas respondendo à questão, aqui em Fronteira temos um clube de fãs fabuloso que passava a vida a falar no Clio. Eles não se identificavam com o Proto AC. Andei mais de um ano à procura de quem fizesse esta carroçaria específica e, quando finalmente encontrei, resolvi fazer isto para homenagear os fãs. Se Fronteira não tivesse esta malta toda a apoiar e a vibrar desta maneira perdia o encanto, e eu quero fazer a minha parte para ajudar a manter tudo isto vivo. Para manter viva esta história de amor.” Um amor com 25 anos.